O MEU CLÁSSICO DOS MILHÕES

E ai galera rubro negra e mais bem vestida do futebol mundial e destruidora de sonhos da arcoírizada.

Amanhã vamos ter mais um FLAMENGO x Vices. Nossa sempre baranga de fé, nosso levanta defunto. E claro, a expectativa sempre é a melhor possível, o time melhorou bagarai com a chegada de Luxemburgo e voltamos apresentar um futebol mais adequado as nossas tradições. Mas não tenho esperança de que seja um jogo fácil, os vices tem muito a perder e não vão vender barato.

Mas esse clássico é para eu um jogo diferente. Mesmo não valendo nada, sempre sinto aquele negócio esquisito antes do jogo, até parece que é eu que vou entrar em campo. É de longe o meu clássico preferido.

Os mais novos, àqueles que não viram a queda do muro de Berlim ou não se lembram das primeiras eleições diretas para presidente, com certeza não devem ter a nossa baranga de fé como o clássico preferido, natural, afinal nossa imensa superioridade nos últimos 22 anos e os cinco títulos consecutivos que o mengão impôs aos bigodudos acaba colocando o derbi em segundo plano.

Mas nem sempre foi assim, acreditem, os vices eram osso duro de roer. Os anos 80 foram muito ruins para o mengão. Apesar de ter um time acima de qualquer conceito e principalmente multi-campeão, os vices foram a nossa grande pedra no meio do caminho. No total foram cinco decisões, 81, 82, 86, 87, 88, foi o grande clássico carioca da década, com jogos memoráveis, mas infelizmente a matemática ficou do lado daqueles que fecharam com o errado. O mengão venceu em 81 e 86, mas os vices levaram a melhor em 82, 87 e 88. E foi nesse ambiente hostil que fiz a maior parte de minha infância, uma década em que o bacalhau ficou engasgado na garganta.

Os anos 90, de modo geral, a rivalidade perdeu-se um pouco do brilho, muito é verdade, pela decadência de nosso futebol, e somente no último ano da década é que tivemos uma final contra os vices, e é esses dois jogos que nunca vou esquecer.

O maior bandido da história do futebol brasileiro, Eurico Miranda, antes de começar o campeonato já profetizava que a disputa se daria pra ver quem seria o vice campeão, pois o vascú era imbatível. No alge dos meus 23 anos, e o amor flamengo que fervia em minhas veias, eu vivi aqueles jogos como se estivesse dentro do campo. A final da Guanabara já daria uma ideia de como seria as finais, um 2 x 1 emocionante e taça na Gávea. E chegava o grande dia da final...

Após um empate de 1 x 1 no primeiro, o vice entrava em campo precisando apenas de um empate para ser campeão. Acho que foi o jogo mais longo da minha vida. Lembro-me que assisti em uma lanchonete chamada Moinho's Bar com outros amigos flamenguistas, só no 1º tempo acho que tomei umas 10 cervejas. O jogo era truncado, os Vascú não jogava e não deixava jogar, o nervosismo era meu sobrenome, até que Rodrigo Mendes fez o gol salvador, o gol da libertação, o gol que recolocava a ordem das coisas naturais em seu devido lugar, no Bar, e explosão de gritos e abraços durou até o apito final e a festa tomou conta das ruas douradenses e com certeza por todo o Brasil, e o falastrão Eurico Miranda ficou sabendo quem era o vice daquele ano.



0 comentários: