O dia em que um chefe de torcida derrubou Zico do Flamengo…

Postagem retirada do excelente Blog do Cosme Rimole

O Flamengo começou outubro de 2010 de luto.

Um ex-chefe de torcida organizada, cabo eleitoral da presidente/vereadora Patricia Amorim derrubou Zico.

'Capitão' Léo.

Presidente do Conselho Fiscal.

Ele tinha a certeza de que seria o candidato de Patricia Amorim para a eleição de 2012.

Queria ser o presidente do Flamengo.

Sair da torcida, como saiu, por exemplo, Andrés Sanches.

E para isso, contava com o apoio total de Amorim.

Só que ela resolveu trazer Zico para a Gávea.

A presidente havia afirmado a todos até ao 'Capitão Léo', que ele cuidaria apenas do futebol.

E mesmo na terra devastada que encontrou, o carisma de Zico se impôs.

Sua palavra tinha muito mais força do que a de Patricia Amorim.

Com a do ex-chefe de torcida, então, não havia comparação.

Zico passou a ser o candidato natural à presidência do Flamengo.

Um obstáculo grande demais para qualquer pessoa que sonhava com o cargo.

O que fazer para abalar o ídolo?

Desmoralizá-lo.

E foi fácil.

Não por falhas de caráter.

Pela precariedade das finanças do clube.

Todos sabiam, Zico havia avisado que faria uma gestão responsável.

E que os resultados no campo seriam ruins, já acabara com ele a era dos perdulários.

Boa parte dos mais de R$ 300 milhões que o Flamengo deve é direito trabalhista.

A fórmula simples: contratava jogador que não podia pagar.

Várias e várias vezes premeditado, cruel.

Dirigentes gastavam e repassavam o pagamento para os sucessores.

Não é por acaso que o clube chegou a dever R$ 16 milhões a Petkovic.

Ele comprou seu retorno ao time dividindo esse dinheiro pela metade.

Com Zico, não.

Ele realmente montou uma equipe limitada, fraca.

E com jogadores acomodados, viciados na Gávea.

Até porque a safra dos juniores não era boa.

Errou ao insistir com o interino Rogério como treinador.

Depois também escolheu mal, para o momento do Flamengo, Silas.

Jovem e sem ligação alguma com a Gávea.

Não sabe nem 10% dos problemas do clube.

Zico se tornou alvo fácil ao investir em jogadores baratos, mas em péssimo momento.

Foi assim com Leandro Amaral, que estava parado.

E, de tão mal, joga no time B.

Deivid e Diogo, completamente fora de forma.

Renato também não consegue fazer nada do que se esperava dele, uma enorme decepção.

O golpe fatal dos que trabalharam contra Zico foi o contrato com o CFZ.

Clube que o ídolo criou.

Havia o acordo envolvendo as categorias de base.

O Flamengo poderia ficar com os jogadores que se destacassem.

Por ser uma vitrine sensacional, ficaria com 50% dos direitos dos garotos revelados.

O acordo foi fechado quando o presidente era Delair Dumbrosck.

O problema é que Zico vendeu o CFZ para empresários do fundo de investimento MFD.

A transação aconteceu em agosto.

A partir daí, a ala que queria derrubar Zico começou a atacá-lo por trás.

Dizendo inclusive que seu filho Bruno estaria envolvido com jogadores do CFZ levados à Gávea.

E que desejava comissão.

A situação foi desmentida por Zico inúmeras vezes.

Quem acusava Bruno nunca mostrou sequer uma prova.

A presidente/vereadora fez questão de dizer que Zico estava 'assustado' com a pressão.

Em 2004, outro ídolo, Júnior, tentou comandar o futebol do clube.

Mas foi engolido politicamente pela ala que cuidava dos esportes amadores.

Zico se mostrava desgostoso a cada dia.

A ala comandada pelo 'Capitão Léo' minava o seu trabalho.

Zico queria a saída de Silas depois das declarações do técnico contra seus jogadores, após o jogo contra o Goiás.

E contratar seu amigo Luxemburgo.

Mesmo em péssima fase, o treinador sabe como tudo funciona na Gávea por ter jogado desde a base na Gávea.

E não esconder seu amor eterno.

Os contatos foram feitos.

A pedido de Zico, Luxemburgo abriria mão da comissão técnica gigantesca e dos salários milionários.

Só que sua contratação foi barrada.

E ofícios começaram a chegar nas mãos de Patricia Amorim pedindo explicações a Zico.

Ele teria de explicar ao Conselho Deliberativo e ao Fiscal o acordo entre o CFZ, Flamengo e MFD.

Zico nunca foi estúpido.

Ele percebeu que mesmo não tendo nada a dever, seria massacrado pelas perguntas.

Pelo ambiente, de total domínio do 'Capitão Léo'.

Não só ele sairia desmoralizado, mas também Bruno, sua família.

Não contou nem ao irmão Edu.

E preferiu sair do clube que tanto ama.

Mandou uma mensagem de texto para a presidente/vereadora Patricia Amorim.

Despedidas sem contato físico são as mais tristes.

Quem diz adeus geralmente não quer chorar em frente a que fica.

Zico fez questão de recusar diversos convites para treinar o Flamengo.

Tinha medo de ser chamado de 'burro' pela torcida que tanto amou.

Sendo assim, não poderia ficar comandando o futebol do Flamengo com parte dos conselheiros desconfiando da sua honestidade.

Da honra dos seus filhos.

Para quem não sabe, Zico é muito rico.

Acumulou patrimônio como jogador e nas suas andanças pelo mundo como treinador.

Mas de qualquer jeito, parabéns, meu capitão...

O caminho está livre para ser presidente.

Aproveite...

O Flamengo como fica agora?

E a ameaça de rebaixamento?

Ah, o Flamengo...

Depois a gente pensa no que faz.

E que importa esse ex-jogador sem apoio político no Conselho Deliberativo?

O bom é que o caminho está livre para a presidência.

Até porque, você, 'Capitão Léo', fez muito mais pelo clube torcendo nas arquibancadas...

Do que esse tal de Zico em campo.

Ele pode ser símbolo de honestidade por onde passou.

Menos na Gávea atual, território de um certo capitão...

(E para deixar ainda tudo mais deprimente, Zico chorou.

Foi se despedir dos jogadores e de Silas e não se conteve.

Viu o seu sonho de reestruturar o futebol do Flamengo ir por água abaixo.

Fazer descer lágrimas de alguém como Zico não tem perdão...)

0 comentários: