Petkovic lembra golaços e conflitos com treinador desde criancinha, na Sérvia

Pet não tem pudor de falar o que pensa. Mesmo nos momentos mais felizes. Ao conquistar o Taça Guanabara de 2003, jogando pelo Vasco, ele teve o cabelo pintado de verde durante as comemorações. E fez questão de registrar a insatisfação com um palavrão, ao ser entrevistado.

Entre as imagens selecionadas para a matéria, estão vários gols do acervo particular do jogador. Um filme que ele não se cansa de assistir, com comentários nem um pouco modestos.


- Olha esse passe! Olha esse passe aí... Mais ou menos, né!? Quem fez esse gol? Olha aí! Grava esse gol! - ordena Pet, ao rever um dos lances.

São jogadas realmente impressionantes, incluindo um gol do meio de campo no primeiro lance do jogo. O tal que Pelé tentou, sem sucesso, na Copa de 1970... Pet marcou, pela seleção iugoslava de novos, aos 15 anos!

Ele não ficou muito tempo como júnior. Com dezesseis anos e quinze dias, atuou pela primeira vez entre os profissionais na primeira divisão do futebol iugoslavo. O mais jovem da história do país.

- Quando estreei, me tornei o mais novo (da história) sem saber. Aí os jornalistas descobriram. Me tornei o mais novo por um dia. Um dia!! - lembra o jogador.

O vigor em campo desde os tempos de adolescente inspirou o apelido Rambo - que ele não gosta, mas pegou. Na Sérvia, até hoje, pra se referir a Pet é preciso falar Dejan "Rambo" Petkovic. O jogador preferia o apelido que lhe foi dado pelo irmão, Boban, na infância: Smek.

- É tudo de bom, né? Aquele playboy, aquele malandro... - explica Petkovic.

O gênio indomável vem desde a infância. O pai, "Ciga" Petkovic revelou que o filho quase mudou de esporte nessa época. Abandonou o futebol e foi para o basquete. O motivo?

- Briguei com o treinador... Pra varriar – explica Petkovic, carregando no sotaque e deixando escapar uma risada auto-irônica.

Mas Petkovic voltou aos campos e se deu muito bem atuando pelo Estrela Vermelha, de Belgrado, clube de maior tradição do futebol iugoslavo. Hoje o estádio do Estrela Vermelha recebe no máximo 53 mil torcedores. Mas chegou a ter capacidade para 110 mil espectadores, dimensão que valeu um nobre apelido: Marakana.

De lá, Petkovic seguiu para um dos mais famosos palcos do futebol: o Santiago Bernabeu, do Real Madrid. Mas não se deu bem, devido a problemas com o treinador Ivan Capello.

- Acho que ele não gosta de sérvio. Não gosta com certeza, e mostrou isso - lembra Petkovic.

O gênio difícil também o prejudicou na seleção. Em 1994, o técnico Slobodan Santrac chamou Petkovic para dois amistosos pela Iugoslávia. O primeiro foi contra o Brasil, em Porto Alegre: derrota por dois a zero. No segundo, contra a Argentina, Santrac o mandou entrar em campo aos 44 minutos do segundo tempo. Pet se recusou...

- Mas depois do problema fui chamado sete vezes. Cinco vezes pelo mesmo treinador. Não foi por aquele problema... - lembra o jogador.

Petkovic viveu a expectativa de atuar pela seleção da Sérvia até a Copa de 2006, mas não foi convocado.


- Eu fico muito triste por ele não ter jogado mais partidas pela seleção sérvia, ou pela antiga Iugoslávia. Ele merecia isso. Mas era algo que não dependia dele, dependia de um jogo de interesses, nada a ver com futebol. E ele foi vítima desse jogo. Muita gente na Sérvia sabe disso - diz Ivan Adic, ex-companheiro dos tempos de Estrela Vermelha.


A polêmica desta semana com o vice de futebol do Flamengo, Marcos Braz, mostrou ainda mais essa face conhecida de Petkovic. Tipicamente sérvio, um povo firme em suas convicções, que não costuma ceder.

- O povo sérvio sempre foi guerreiro. Acho que participou de quase todas as guerras da história que a gente conhece, né? Tivemos muitas derrotas. Perdemos algumas batalhas, mas nunca a guerra - resume Petkovic.

O vídeo abaixo traz os melhores trechos do DVD que Petkovic, do Flamengo, mais gosta de ver. São gols e lances bonitos de sua carreira até os 23 anos de idade, quando deixou o Estrela Vermelha de Belgrado para jogar no Real Madrid. Um dos gols, do meio de campo, foi marcado quando ele tinha apenas 15 anos, atuando pela seleção de novos da antiga Iugoslávia.
A reportagem do "Esporte Espetacular" do domingo passado mostrou apenas alguns lances. Agora você vai poder assistir a mais momentos empolgantes do craque sérvio em sua versão mais jovem, mostrando grande vitalidade e força física.

Eu assisti as duas reportagens no Esporte Espetacular, e conhecendo a História de vida do Pet fez eu admirar ainda mais esse que é o maior ídolo da década do Flamengo. Um cara que apesar do meio em que vive, ainda preserva a Família, e que nem a guerra fez com que ele desistisse. Um cara injustiçado pelo destino, e que se não fosse os conflitos de seu País, poderia facilmente ir pra alguma copa e consequentemente ser considerado o melhor jogador do mundo. Ele tem muito mais futebol que jogadores que hoje em dia tem fama, mas não tem nem 10% da habilidade desse sérvio Rubro Negro!

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